Em performance de dança inédita inspirada por fotógrafo surrealista, Marta Soares modifica o corpo com cordas.
No seu novo espetáculo, a bailarina, coreógrafa e diretora Marta Soares dá continuidade a sua pesquisa sobre o corpo informe e o trabalho fotográfico de Hans Bellmer
Em cima de uma plataforma, a bailarina Marta Soares faz amarrações em seu corpo nu com uma corda de nylon. Cada movimento gera uma nova pose que será iluminada por um flash semelhante ao das câmeras fotográficas. A ideia foi inspirada em uma série assinada pelo fotógrafo surrealista alemão Hans Bellmer em 1950. O artista fez fotos de sua esposa – Unica Zürn – amarrada de diferentes formas e em várias pontos do corpo.
O espetáculo inédito da bailarina, que já foi reconhecida pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) com quatro prêmios na área da dança, dá continuidade à pesquisa de Marta em torno do trabalho de Hans Bellmer, cujas fotografias surrealistas inspiraram diversas obras suas, com destaque para Les Poupées, Formless e Deslocamentos, a performance mais recente.
Com um trabalho que explora o limite entre a dança e a performance, Marta Soares pratica com sua dança o conceito informe – uma indistinção entre o dentro e o fora, o morto e o vivo, o homem e a mulher, a figura e o fundo (conceito do escritor George Bataille). Na sua pesquisa, aborda questões como a fragmentação do corpo, a dissolução dos limites entre o corpo e o seu entorno e o borramento das fronteiras entre as categorias masculina e feminina.
Em Bondages, Marta reencena sozinha as amarrações de Hans Bellmer e Unica Zürn. “Eu mesma me amarro e remodelo o meu corpo, o que acaba sendo uma desfetichização em relação ao trabalho original de Hans, no qual ele amarrava a sua esposa”, conta a artista. A cada pose, ela amarra dobras e pedaços da pele que criam novas imagens, ora como se o corpo derretesse, ora como se multiplicasse as suas partes.
“Amarrar, desamarrar e reamarrar o corpo gera imagens fotográficas através do recurso de iluminação que remete aos snapshots fotográficos. Esse tipo de iluminação faz com que cada pose gere uma nova fotografia”, diz.
O desenho de luz foi criado por Aline Santini, que ilumina a plataforma para que a bailarina fique visível ao público durante o processo de amarração e que dispara os snapshots ao término de cada pose, estimulando um olhar fotográfico para a performance. Bondages tem ainda assistência de direção de Danieli Mendes, dramaturgia de Bruno Levorin e produção executiva da CAIS Produção Cultural. A concepção, direção e coreografia são assinadas por Marta Soares.
Ficha Técnica
Concepção e direção: Marta Soares
Performance: Marta Soares
Assistência de direção: Danielle Mendes
Dramaturgia: Bruno Levorin e Marta Soares
Desenho de luz: Aline Santini
Operação de luz: Beto de Faria e Rafael Araújo
Fotos: João Caldas
Design gráfico: Estúdio Tropical
Assessoria de imprensa: Arte Plural – Fernanda Teixeira
Produção executiva: CAIS Produção Cultural
Produtores: Beto de Faria e José Renato Fonseca de Almeida
Classificação indicativa: 18 anos
Apresentações:
Oficina Cultural Oswald de Andrade – R. Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo, SP
30/11, 01, 02, 07, 08, 09, 14, 15 e 16/12
Centro de Referência da Dança – Baixos do Viaduto do Chá, SN – Galeria Formosa, Centro. São Paulo, SP
18 a 20/12