O que não cabe na dança | Coletivo Baú

Category
2013, Coletivo Baú, Dança
About This Project

O espetáculo explora na dilatação do tempo a relação entre lembranças e identificações de significados, sendo a memória o agente causador das conexões que encontram no corpo um meio para serem revividas.

Nessa busca, a pesquisa traz o encontro com as obras e vidas de Mário Quintana e Hilda Hilst.

Mário Quintana apresenta o frescor de um universo imagético e a facilidade de abordar sensações do passado, como na obra Baú de Espantos ou Esconderijos do Tempo, que a partir de memórias, procura um elo entre o texto e o leitor, trazendo nossa mente para o agora: “O passado não reconhece lugar, está sempre presente.”

Já Hilda Hilst aponta um caminho que excede o presente, nos carregando para além de nós mesmos. A intensidade visceral de sua obra transborda o anseio do poeta que em seus versos nos lança para o que ainda há de vir. Esse convite ao desconhecido tão presente na sua poesia é o combustível para uma viagem as trevas e aos céus. Com maturidade e veemência ela carrega a urgência do vazio de hoje projetado no futuro, anseio maduro de precisar existir para além de si.

O interesse não é trabalhar com essas referências como inspiração para movimentação, mas através do diálogo, reconhecer a força da movimentação que existe nessas obras e buscar a possibilidade de ser atravessado pela dança desses autores, pensando não em uma fusão dos nossos corpos com suas respectivas obras na busca por uma unidade, mas desejando fluir com elas, descobrindo os detalhes e as sutilezas de cada intérprete na relação com a potência desses autores.

 

Fonte: Programa