Notas de direção
Ano 2011. Passados mais de 4 séculos do nascimento de Hamlet, esse drama, talvez o mais famoso do mundo, resiste ao tempo de uma maneira extraordinária. Hoje, eis aqui, um Hamlet a mais. Poderia, como já disse um grande, um a menos.
Será que dessa vez teremos de novo a história do espectro que determina a um “príncipe” de uma “Dinamarca” o “plot” do drama? Assassinato! Um filho é impelido a interpretar o personagem do herói, para cumprir uma vingança prometida a um morto? Sim, pois isto é Hamlet, mas Hamlet é mais do que isso, em 2011 ou 2000 e sempre.
Hamlet, constantemente entre o limite daquilo que é e daquilo que não é, hoje, se revela um herói chateado, que no fundo não vê sentido e nem tem vontade de “fazer”. Vê-se de frente com um novo governo, que grita e não age. Do “teatro” do novo Rei Cláudio, um teatro sem vida. O teatro de parecer e não de ser. Um rei de súditos perplexos.
Hamlet ama profundamente o teatro, e por amar, o utiliza para revelar a verdade dos fatos, como um louco, como um herói até a morte. Então Hamlet teatraliza-se? Perde-se num representar, numa série de atos sem ações concretas. Sem agir, pensa. Elabora reflexões, visões do homem que vive, mas não age na vida, com a coerência do pensado. Jovem, pensador, amante das artes, unm reino podre, príncipe do luto.
Fonte: Programa
* Zé Renato como produtor antes de CAIS *